Foi no ano de 1542 que em Fontiberos, pequena localidade de Castela, nasceu João da Cruz, hoje venerado como grande Santo na Igreja. Depois da morte prematura do pai, a mãe com seus quatro filhos se mudou para Medina del Campo, onde João iniciou os estudos e entrou na Ordem de Nossa Senhora do Carmo. Desde a infância o distinguiu sempre uma terna devoção a Maria Santíssima, que mais uma vez lhe salvou a vida, milagrosamente. O que raramente se observa em meninos: O desejo da mortificação, em João era bem pronunciado, quando contava apenas 9 anos. Escolhendo para si um leito duro, poucas horas de sono dava ao corpo, castigando-o ainda com jejuns assaz rigorosos. Estudante , ainda tinha por ocupação predileta visitar doentes nos hospitais e prestar-lhes serviços de enfermeiro.
Uma vez feito religioso, não se
satisfazia com as praxes disciplinares usuais: Tinha o intento de moldar
a vida religiosa pelo rigor antigo da Ordem . Tendo chegado o dia da
celebração da primeira Missa, examinou a consciência com o maior
escrúpulo; não achando falta com que tivesse gravemente ofendido a
Deus, deu muitas graças, pedindo a Nosso Senhor, que o preservasse
sempre do pecado mortal. Esta oração foi ouvida, concedendo-lhe Deus a
graça da inocência até a morte. Alcançou na perfeição um grau tão
elevado, que na sua vida não há exemplo de pecado venial deliberado.
Santa Teresa de Jesus, que foi sua contemporânea, considerava-o santo, e
afirma que nunca lhe observou a mínima falta. A mesma Santa conheceu
São João da Cruz, por ocasião da fundação dum convento em Medina del
Campo. João, levado pela inclinação à vida austera, tencionava entrar na
Ordem dos Trapistas, mas antes de tomar qualquer resolução definitiva
neste sentido, pediu o conselho de Santa Teresa. Esta lhe disse, que
mais acertado, andaria por ser mais do agrado de Deus, se permanecesse
na Ordem Carmelita, e se incumbisse também da reforma da disciplina
regular; era esta a vontade de Deus. João apresentou este plano a Deus
nas orações e ao confessor, e decidiu seguir a opinião de Santa Teresa.
Em pouco tempo, conseguiu a graça de Deus a reforma de alguns
conventos da Ordem. A opiniões contrárias fechava os ouvidos, dizendo
que o caminho estreito para o Céu, não exigia causa de menos valor.