A
narrativa de Mt 16, 21-27 começa com as
mesmas palavras que Jesus utilizou para provocar em Pedro uma mudança de
atitude: “Se alguém quer vir comigo ...” Desta vez, porém, dirige-se a todos os
discípulos para explicar-lhes as exigências do seguimento.
A
exortação a “tomar a cruz e a negar-se a si mesmo” aparece em outro lugar no Evangelho,
mas aqui aparece como condição de seguimento.
Seguir
Jesus significa, antes de tudo, negar-se a si mesmo e tomar a Cruz, o que é o
mesmo que perder a própria vida para encontrá-la em plenitude.
Os
primeiros cristãos utilizaram muito a expressão “tomar a cruz”, para expressar
a sua união com Jesus em sua Morte e Ressurreição. É muito provável que Jesus,
ao se referir à Cruz, a veja como símbolo de sofrimento e os primeiros cristãos
deram a essa expressão um sentido mais pleno, relacionando-a com o mistério da
Páscoa de Jesus.
O
seguimento de Jesus significa renunciar aos projetos pessoais de realização,
aos olhos da sociedade estruturada pelos poderosos, e tomar a Cruz.
A cruz era
o instrumento de suplício e morte imposto pelos romanos àqueles que ameaçavam a
ordem institucional do império. Eram os subversivos. Durante a revolta judaica
do ano 6 d.C., os romanos crucificaram 500 revoltosos, em volta de Jerusalém.
Tomar a sua cruz, neste contexto, o que é diferente de “tomar o poder”, não tem
nada de messiânico. Tomar a Cruz e perder a sua vida é deixar-se seduzir pelo
chamado de Jesus e renovar as estruturas desta sociedade, conformando-a a tudo
o que é bom e agradável a Deus.
Aqueles
que são seduzidos pelo mundo dos ricos ambiciosos, pensando, assim, salvar suas
vidas, são aprisionados pelas malhas do poder. Seguir Jesus e tomar sua Cruz
significa rejeitar os critérios de sucesso deste mundo e comprometer-se com a
construção do mundo novo de fraternidade, justiça e paz, sem temer as
adversidades que surgirão.
Padre Wagner Augusto
Portugal