Em Mateus 18, 15-20, podemos ressaltar duas frases
de Jesus: “Se teu irmão pecar, vai
corrigi-lo a sós.” E “Onde dois ou
três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles.”
Isto é a Igreja que Jesus fundou e que Ele quer que
continuemos. A Igreja é, ao mesmo tempo, santa e pecadora. Santa porque ela é
divina na sua origem, foi instituída e desejada por Deus, por isso, professamos
no Credo: Uma, Santa, Católica e Apostólica. É pecadora, porque é humana, isto
é, formada por seres humanos, frágeis e limitados.
Na santidade de filhos de Deus, somos irmãos,
responsáveis uns pelos outros, sobretudo quando o pecado está destruindo essa
santidade. Daí a exigência da correção fraterna. Só em última instância o
pecador deve ser excluído da comunidade.
O que e Correção Fraterna? Correção fraterna por
quê? Não é cada um o único responsável por si mesmo? A Igreja é uma comunidade
cujos membros estão comprometidos uns com os outros, quer queiram, quer não; por
isso, o pecado, embora cometido individualmente, tem incidência comunitária. O
pecado também tem dimensão social. “Corrigir”, mostrar o erro, “significa
tornar claro, mostrar com provas convincentes e irrefutáveis o mal de quem
errou. A finalidade da correção é evidentemente, levar a pessoa a se rever,
embora não seja usada a palavra conversão. A recuperação do irmão é uma
conquista e ao mesmo tempo uma aquisição, porque o tira das veredas do mal e o
livra de uma eventual condenação. Não é um ato de autoridade, mas de amor, de
caridade.
A correção fraterna, que brota do amor e do perdão,
é fundamental para manter-se a unidade na comunidade.
Ninguém vive isolado na comunidade
eclesial, pois a salvação é individual e comunitária, ao mesmo tempo. Por isso
está iludido aquele que fala que reza sozinho, que não precisa da mediação da
Igreja, porque ele somente conversa com Deus e não tem que prestar contas a
ninguém. A experiência bíblica, tanto do Antigo Testamento, como do Novo
Testamento, mostra que Deus salva o homem como membro de um povo, quer dizer,
de uma comunidade. A comunidade recebe o mesmo poder que Pedro, o chefe da
Igreja, recebeu. Ela tem que tomar decisões importantes, como a de expulsar o
irmão de um meio depois que esse foi admoestado a sair do pecado e da vida que
não está conforme os preceitos do Evangelho. A comunidade não poderá agir com
leviandade. Deve estar em sintonia com os irmãos e, sobretudo, com Jesus.
+ Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)
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