Diante
da Eucaristia, inestimável dom, nossa resposta é não somente a fé
agradecida, mas também a viva sede da comunhão frequente e da adoração
piedosa. São João Crisóstomo afirmava: “Quando estás para abeirar-te da sagrada mesa, acredita que nela está presente o Senhor de todos”. Por isso, a adoração é inseparável da comunhão.
Neste
sentido, a Igreja desde tempos remotos, recomenda aos seus filhos que
se detenham frequentemente em adoração ao Senhor sacramentado. O Beato
João Paulo quis renovar essa recomendação: “O
culto prestado à Eucaristia fora da missa é de um valor inestimável na
vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do Sacrifício
eucarístico. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se
conservam após a Missa – presença essa que perdura enquanto subsistirem
as espécies do pão do vinho – resulta da celebração da Eucaristia e
destina-se à comunhão, sacramental e espiritual. Compete aos Pastores,
inclusive pelo testemunho pessoal, estimular o culto eucarístico, de
modo particular as exposições do Santíssimo Sacramento e também as
visitas de adoração a Cristo presente sob as espécies eucarísticas. É
bom demorar-se com Ele e, inclinado sobre o Seu peito como o discípulo
predileto (cf. Jo 13,25), deixar-se tocar pelo amor infinito do Seu
coração.
Se atualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo
pela arte da oração, como não sentir de novo a necessidade de permanecer
longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de
amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes,
meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela
força, consolação, apoio! Desta prática, muitas vezes louvada e
recomendada pelo Magistério, deram-nos o exemplo numerosos Santos. De
modo particular, distinguiu-se nisto Santo Afonso Maria de Ligório, que
escrevia: ‘A devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos
sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a
mais útil para nós’. A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a
sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da missa
permite-nos beber na própria fonte da graça. Uma comunidade cristã que
queira contemplar melhor o rosto de Cristo... não pode deixar de
desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no qual perduram e
se multiplicam os frutos da comunhão do corpo e sangue do Senhor”
(Ecclesia de Eucharistia, 15).
Portanto,
não tenhamos dúvidas: se as espécies eucarísticas destinam-se
primeiramente a serem consumidas em comunhão fraterna durante a
celebração da Santa Missa, também podem e devem ser adoradas não somente
no momento mesmo da consagração – quando devemos todos nos ajoelhar de
modo reverente a adorante -, mas também fora da missa, em adoração
pessoal ou comunitária. Estas são as constantes consciência e doutrina
da Igreja, da qual nenhum católico deve duvidar. Ninguém tem o direito
de ensinar diversamente! Que fique claro de modo cristalino: as espécies
eucarísticas, primariamente dadas à Igreja para a comunhão, devem ser
adoradas por todos, seja durante a consagração, seja com um piedoso e
reverente gesto antes da comunhão (um inclinação, uma genuflexão ou até
mesmo ajoelhar-se), seja na adoração pessoal ou comunitária no culto
eucarístico fora da celebração da santa Missa. Que ninguém se deixe
iludir por falsos mestres, mestres de si próprios e doutores em próprio
nome, que deturpam a fé, usurpam o mandato de ensinar aos fieis, que
compete à Igreja, e confundem o rebanho com doutrinas exóticas e de
própria autoria, que só levam à confusão dos fieis e ao esfriamento
geral da fé! A Eucaristia é um mistério grande demais, sublime demais
para ser manipulado por quem quer que seja!
Graças e louvores se deem a todo momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!
Sou Dom Henrique Soares da Costa
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