Deus nos aceita como somos e não se envergonha das nossas fraquezas.
Como as nossas feridas são importantes! Da ferida pode brotar a vida, surgir a esperança. Sim, dessa ferida que causa tanta dor e que às vezes temos vontade de tapar, esconder, negar.Deus nos quer com as nossas feridas, não apesar delas. Nossas feridas podem ser fonte de vida, como a ferida do lado de Cristo. Quando as aceitamos e beijamos, Deus as usa para gerar vida.
Deus não nega nossas feridas. Ele não constrói sobre uma alma sem pecado, exceto no caso de Maria. O Senhor nos aceita como somos e não se envergonha de nós.
Podemos pensar que Deus só ama nossas virtudes e aproveita somente o que fazemos bem, os talentos que Ele nos deu. É difícil compreender que Deus possa querer usar nossa limitação, nossa fraqueza, aquela ferida que queremos esquecer, para dar vida em abundância a outros.
Deus utiliza o barro da nossa história pessoal para criar uma obra de arte. A ferida e a ruptura se tornam pontes, caminhos de santidade. Sem nossas fraquezas, Deus não pode dar vida a outros, porque elas são portas de entrada para Deus e para os outros; nossas feridas nos fazem humildes, misericordiosos, nos fazem julgar a realidade partindo da pequenez, não do orgulho.
Chega de formular ideais que não são nossos, mas tirados da vida dos santos ou de ideais distantes, que nos destroem por dentro, ao recordar-nos continuamente a desproporção entre aquilo por que ansiamos e o que somos.
Tenhamos nossas feridas como ponto de partida, nossa vida assim como ela é, nossa pequenez que sonha com as alturas. Precisamos entender que é a partir dessas feridas, do mais profundo da nossa dor, dessa história da qual muitas vezes nos envergonhamos que Deus começa a esculpir a verdadeira obra-prima que Ele quer fazer conosco.
Nossas feridas são nosso caminho de salvação. Aceitemos a nossa história, porque Deus fará maravilhas com ela. Ele pode fazer maravilhas com a nossa pobreza, como fez com Maria, partindo da sua pequenez, como fez com os santos.
Viver assim nos tornará mais misericordiosos, humanos, humildes e alegres, porque não precisaremos nos defender de ninguém.
Às vezes, valorizamos demais os talentos e nos focamos só nas capacidades; a perfeição nos atrai; as pessoas mais destacadas parecem ser mais fecundas que as que não sabem tanto, que parecem não ter muitos talentos, que são complicadas, que estão muito feridas.
Mas não estamos aqui para buscar só a eficiência e a perfeição, para ser seletivos, porque não foi esse o caminho que Jesus seguiu. Ele se cercou de pecadores e pessoas rejeitadas, feridas, doentes.
Tenhamos um coração aberto e misericordioso como o de Jesus, um coração que veja as pessoas como Ele as vê.
Padre Carlos Padilla
Fonte: Aleteia
0 comentários:
Postar um comentário